Por Profa. Esp. Cris Pereira Faculdade Gran Tietê (19/07/2023)
É imperativo pontuar, que uma das grandes incitações do professor, atualmente, tem sido o trabalho com as crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Dito isso, essas crianças apresentam um transtorno no neurodesenvolvimento, ou seja, um permanente comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem com movimentos estereotipados de comportamentos e interesses. (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-5)
Subjacente, esse Transtorno Invasivo do Desenvolvimento que ocasiona danos graves e agressivos em várias áreas do progresso interno se torna um desafio, não por negligência ou inépcia do professor, mas por se tratar de um espectro (ampla variedade de habilidades e dificuldades que juntas se caracterizam). Todavia, mesmo que todos os espectros tenham o mesmo diagnóstico ainda é possível subdividir o autismo em níveis: leve, moderado ou severo. Contudo, sabe-se ainda que o autismo vai se manifestar de formas múltiplas, ou seja, cada autista apresenta o autismo à sua maneira.
Por conseguinte, salienta-se que a criança com TEA precisa de AEE, ou seja, um atendimento Educacional Especializado, bem como, uma adaptação curricular. Portanto, é preciso identificar e trabalhar as habilidades desses alunos, buscar formas de acomodar os conteúdos e métodos utilizados em sala, além de evidenciar que cada autista tem uma forma única de interação, percepção, expressividade, cognição e coordenação motora, isso em detrimento de que se divergem por ser um espectro que apresenta uma série de variáveis. Outrossim, o trabalho com essas crianças deve partir dos aspectos psico-educacionais, ou seja, aqueles relacionados ao atendimento educacional escolar que levem a promoção do desenvolvimento global desse aluno. (SILVA 2014).
Nesse sentido, acredita-se que o trabalho de arte dentro da sala de aula possa ser utilizado para auxiliar o portador de TEA a desenvolver certas áreas do conhecimento como: percepção visual, auditiva, imaginação, pensamento analógico, concreto, expressão corporal, intuição, reflexão e criatividade. Ademais, a arte está presente nas várias fases da vida do ser humano e desperta sentidos e sensações; essa por sua vez, é uma espécie de sentimento social prolongado, uma técnica de emoções que quando trabalhados em sala de aula podem proporcionar ensinamentos para a vida (Vygotsky (2001, p.322).
Portanto, a Arte é considerada uma linguagem na área do conhecimento, ela possibilita o desenvolvimento global do ser humano (Ministério da Educação, dez. 2002). Nesse âmbito, quando o aluno é inserido no mundo da arte ele tem acesso a diferentes modalidades artísticas como: teatro, dança, música, fotografia, escultura, pintura, desenho. Partindo desse pressuposto, através da arte o autista pode desenvolver o seu potencial, expressar suas emoções, sensações e percepções. Logo, a aprendizagem torna-se significativa a partir do momento que uma criança tem suas percepções sensoriais estimuladas, passando a gesticular, pular, brincar, dançar, teatralizar, resultando assim, na consciência de seus limites, bem como, no desenvolvimento da consciência corporal e do equilíbrio. Dado isso, quando o autista tem acesso a atividades artísticas como desenho e pintura, esses desenvolvem a coordenação motora fina, promovendo assim, o desenvolvimento da concentração e percepção sensorial.
Diante do exposto, crianças com TEA vivenciam a arte de maneira mais livre e criativa, assim, podem ser atribuídas a elas algumas atividades como: contar uma história, dramatizarem, ouvirem uma música, cantarem e refletirem sobre as emoções nas representações artísticas. Acrescenta-se ainda, que as crianças podem ser estimuladas por meio da apresentação de uma obra de arte a fim de que essa seja apreciada, interpretada e significada. Consequentemente, em vista dos estímulos supracitados evidencia-se que eles são determinantes para proporcionar a inserção destes indivíduos em ambientes abundantes de cultura. Logo, isso acarreta na adesão de aptidão das habilidades cognitivas, como o raciocínio lógico e a atenção, sendo assim, essenciais e imprescindíveis para o processo de alfabetização. Destarte, a criança autista tem um corpo silencioso, mudo, carente de qualquer gestualidade, em face de que não apresenta compreensão do seu corpo em sua globalidade, além do mais, apresenta fragilidades no equilíbrio estático, na lateralidade e na noção de reversibilidade (LEVIN 2000).
Em suma, ao inserir atividades artísticas e culturais como pantomima, mímica, música, será possível a concretização da percepção corporal e da linguagem verbal do autista. No entanto, pontua-se que esse é um processo lento, gradativo, mas que é possível por meio da aplicação de meios de acessibilidade, assim, esses devem ser inseridos de forma a considerar as necessidades específicas, como também, resultarem na perpetuação da plena participação dos alunos visando a autonomia e independência na escola e de forma ampla (BRASIL, 2010).
Artigo de publicação: Profa. Esp. Cristiane Aparecida Alves Pereir